quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Manual do Eleito

Tem coisas que o político precisa saber. Alguns cantavam vitória e não foram eleitos. Outros sonhavam com milhares de votos e venceram no sufoco, raspando a trave. Alguém é culpado? Decididamente, não. Antes de jogar a culpa nos outros pela má votação ou pela derrota, é hora de refletir. A criatura mais mesquinha, mais rabugenta, mais empedernida que existe é a gente mesmo. É só fazer uma boa autocrítica para ver aonde errou. Se a gente aprende a suportar os próprios defeitos, vai ser bem mais fácil conviver com o inoportuno que nos tira do sério. E o que não falta é inoportuno para nos tirar do sério.
Primeira coisa que o político deve saber: Controlar a vaidade. Descer do salto alto. Ninguém nega que o salto alto dá elegância no porte, mas nenhum ortopedista do mundo negou até hoje que o salto alto tem um preço. Ataca a coluna lombar. Com a coluna em crise, como é que o político importante vai andar como sempre andou, de nariz empinado? Está aí mais uma inconveniência do salto alto. Fazer o quê? Acertar a coluna com estiramento e deixar de usar salto alto.
Segunda coisa: Controlar o temperamento. Não sair por aí instilando ódio e com raiva da sombra. Tem gente que acorda com passarinhos cantando e já sai na janela com a espingarda em punho. Já levanta atirando e é só pena que voa, pois nem o sabiá nem o sanhaço ele consegue acertar. Mau político tem péssima pontaria. Terceira coisa que certos políticos desconhecem é saber conter as simpatias pessoais para não ficar colando rótulos nas pessoas. Saber tratar todo mundo da mesma forma, imparcial e com igualdade. Não há nada que crie mais problemas do que cultivar favoritos. Vejam o que deu com a mulher lá da novela. Era a favorita. De repente descobriram que ela não passava de cobra criada. Por trás do sorriso sórdido vive arquitetando maldades. E ainda fez coligação partidária com dois trastes da pior espécie. Político esperto não entra nessa.
Finalmente, passadas as eleições, somados os votos pingados, pago direitinho o cabo eleitoral, tire do guarda-roupa o terno com todo o cuidado para apagar o cheiro de naftalina e se prepare para a cerimônia de posse. Mas, pelo amor de Deus cumpra as promessas que fez. Não há coisa pior no mundo do que gente sem palavra.

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